Quem é esse brasileiro nascido em Aimorés, Minas Gerais , único homem entre nove irmãs, filhos de um fazendeiro e uma dona de casa e que, bem jovem, deixa uma vida tranquila e sai caminho afora passando a olhar o mundo e os homens através das lentes de uma câmera Leica nas mãos? A resposta podemos encontrar no filme “O SAL DA TERRA” (2014), dirigido por Juliano Salgado e codirigido por Wim Wenders que já biografou para o cinema nomes como Nicholas Ray, Pina Bausch e agora o fotógrafo Sebastião Salgado.
O documentário, que propõe um
tributo de filho para
pai, ultrapassa o formato e traduz
com poesia, sensibilidade e
imagens grandiloquentes o resultado de
anos de um ofício que começou quase que por acaso na vida do
jovem “Tião” quando esteve fora
do Brasil durante os anos da ditadura militar. De início, somos surpreendidos com a imagem fixa de uma fotografia e a voz em off de Wim Wenders narrando sua comoção diante de uma das fotos do autor
até então desconhecido, em
seguida, no mesmo plano entra a fusão do
rosto de Sebastião com sua fotografia.
Isto é só o começo das emocionantes histórias e depoimentos do próprio artista,
seu trabalho, sua família e suas inquietações
sobre a vida.
A partir daí, o filme mostra os comos e porquês de vários trabalhos fotográficos reunidos em livros como “TRABALHADORES” (1996), “OUTRAS AMÉRICAS” (1999), “ÊXODO”(200) e “GÊNESIS” (2014). É impossível qualquer espectador ficar indiferente à emoção revelada na arte fotográfica de Sebastião Salgado. Como bem coloca Win Wenders em sua fala sobre a etimologia da palavra fotografia: Salgado se expressa por meio de uma “ escrita de luz”. Aos poucos, vamos descobrindo o olhar desse homem brasileiro cidadão do mundo que mais assemelha-se a um destemido anjo fotógrafo que parece estar onipresente nos confins do mundo observando e captando momentos que ninguém quer ou não consegue enxergar.
O filme “O SAL DA TERRA” foi indicado ao Oscar de Melhor Documentário em 2015, e tem conquistado plateias ao redor do mundo,principalmente aqueles que admiram o trabalho de Sebastião Salgado e a importante participação de Wim Wenders no roteiro e na codireção. Essa parceria só poderia resultar num trabalho de pura beleza revelada além da fotografia. Um filme urgente e necessário para ser visto.