Que domingo triste e trágico. Perdermos dois artistas de uma vez só. O cinema brasileiro perde Eduardo Coutinho e o americano perde o grande ator Philip Seymour Hoffman.
"A arte é tão altruísta", já dizia Andrei Tarkovsky através de seu personagem no filme "STALKER" (1979), mais altruísta ainda são os grandes e verdadeiros artistas que nos proporcionam o prazer da sua arte num mundo cada vez mais cinzento e pobre de boas ideias.
Eduardo Coutinho é um gênio legítimo do cinema. Digo que é porque sua obra fica e continua para todas as gerações. Tive o privilégio de assistir a uma sessão de um de seus filmes, na época "AS CANÇÕES" (2011) durante a Mostra de Cinema de 2011, seguida com debate feito por ele mesmo. Conversou com o público, falou sobre seus projetos e, quando foi provocado por um de seus fãs, defendeu que fazia filmes para os brasileiros e não se interessava em fazer sucesso no exterior, que o lugar dele era no Brasil. Foi aplaudido. Dois anos depois, a mesma Mostra de Cinema de São Paulo 2013 fez uma retrospectiva de toda sua obra. Justa homenagem.
Pelos corredores dos cinemas lembro ter visto Eduardo Coutinho já fragilizado fisicamente pela idade, amparado por duas pessoas para poder caminhar, mas com um vigor incrível para o trabalho intelectual e para fazer seu cinema. Como não lembrar de filmes extraordinários como "Jogo de Cena" (2007) e "Edifício Master" (2002)? Como não se emocionar com 'As Canções" (2011)? Como não aprender sobre o Brasil com "Peões" (2004) e "Cabra Marcado para Morrer" (1985)?
É uma tragédia o que ocorreu na sua vida pessoal. E para nós, admiradores de seu trabalho, lamentamos que um artista tão produtivo mesmo aos 81 anos se ausente do mundo da sétima arte. O Écran fica mais pobre, o palco fica menos iluminado, mais um canhão de luz apagou para sempre.
ADEUS, EDUARDO COUTINHO.
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