Minha primeira sessão da Mostra de Cinema de São Paulo começou com o documentário de produção suíça “BEYOND THIS PLACE” (Além deste Lugar). Filme que aborda a problemática e estranha relação entre um (ex-)hippie Claude Rock La Belle - que vive há 40 anos ‘chapado’- e seu filho já adulto Kaleo La Belle que viaja da Suiça - país onde mora - aos Estados Unidos somente para visitar o pai e trazer à tona todos os questionamentos e lembranças amargas sobre a separação de ambos desde a infância. Os protagonistas desta história genuinamente americana e autobiográfica (mas nem por isso menos universal) fazem uma viagem de bicicleta pelas estradas da costa leste e tentam, com esforço e franqueza, justificar os erros que os conduziram a caminhos e descaminhos tão opostos. Este trajeto não é somente uma viagem real como também uma viagem química e psicodélica, pois traz flagrantes do pai sob efeito de drogas desde cogumelos até pílulas – o que chega ser até risível em alguns momentos.
O documentário é pontuado com alguns registros de imagens da comunidade hippie onde Claude viveu e seguiu convicto no seu estilo de vida nada condizente com o padrão americano da época, descobrindo todas as possibilidades que o universo das drogas poderiam lhe proporcionar e tomando como uma religião toda a filosofia e modo de vida do movimento hippie. Como forma de defesa de todo esse mundo lisérgico sem normas ou convenções, Kaleo foi levado pela sua mãe de volta para Detroit ainda criança.
Esta separação ilustra uma realidade amarga dos Estados Unidos dos anos 60, a guerra do Vietnã. Um dos entrevistados argumenta que a única saída para não ser enviado à guerra era fugir ou morrer. E as comunidades hippies com todo seu discurso ideológico de paz e amor eram o destino certo daqueles que não queriam ir para o front. O filme sugere que o movimento hippie surgiu a partir da massiva convocação dos jovens americanos para a guerra e, portanto, tornou-se um escape, uma fuga momentânea, uma utopia que hoje não tem sentido de ser. O que resta é o lado fashion que a própria indústria de consumo transformou, manipulou e continua vendendo como uso e costume.
O american way of life não consegiu transformar e nem criar cidadãos éticamente melhores na sua totalidade. Com as sucessivas guerras e a vontade de manter-se como a nação mais poderosa do planeta os EUA conseguiu também inimigos internos contra seu sistema que vão desde os hippies de outrora até aos franco-atiradores dentro de escolas e shoppings centers lotados de clientes.Todos este produto-humano é resultante de erros históricos brutais. É o outro lado do modo de vida americano que vez ou outra alcança visibilidade, e por mais triste e cruel que possa parecer, o filme mostra isso muito bem.
http://www.youtube.com/watch?v=Zsus_6m24mk
Caramba Elias, no melhor sentido que possa haver, parece que o texto foi escrito num só tapa sob efeito dos cogumelos da mais fina espécie :)
ResponderExcluirMissão impossível: leva uma cópia desse filme lá pra Caiana eh,eh
AHAHAHAHAHAHA! Bem que eu queria experimentar esse champignon que ele faz na chapa como se fosse hambúrger! E ainda tem uma erva que ele traga num cachimbo totalmente psicodélico!! Ele fuma o troço dentro de uma tina com água quente e diz: "oh, that's great!" A platéia vai abaixo de tanto rir!! Se eu pudesse levar uma cópia, sem dúvida seria uma viaaaaagemm!! Eheheheh
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