O tema do amor e do desejo na velhice em “NUVEM 9” (Wolke 9) Alemanha/2008, de Andreas Dresen, é tratado com extrema delicadeza pelas lentes do diretor que também assina o roteiro. O despertar da paixão e de um novo amor em uma mulher idosa depois de 30 anos de casamento é o ponto de partida deste drama que nos arremesa junto com ela ao seu paraíso particular, a este estado de graça que sugere o título do filme. Porém há um preço a ser pago para entrar nele pois não se pode desligar o sentimento dos envolvidos nesse transito amoroso num simples apertar de botão. Vale lembrar que “Nuvem 9” é anterior ao polêmico “AMOR” (2011) de Michael Haneke que faz a sua versão do amor entre um casal de idosos de forma muito particular sem deixar respostas para explicar o que é o próprio amor. Haneke foi considerado pessimista e doentio por muitos, mas eu o considero um gênio por não dourar a pílula.
A “nuvem” de Andreas Dresen dialoga de certa maneira com o “AMOR” de Haneke no que tange à discorrer sobre o amor na terceira idade, quando as forças e o vigor natural e gradativamente se vão. Para muitos não é nada confortavel (ante)ver na tela um estágio de vida em que todos nós passaremos, e é nesse ponto que também ambos os filmes podem incomodar a platéia muito sensível ou avessa à discussão sobre a finitude da vida. Um filme pode parecer mais otimista que o outro, mas em uma relação a três alguém inevitavelmente sai perdendo e é aí que a nuvem fica carregada e se transforma em tormenta para o casal Inge (Ursula Werner) e Werner (Horst Westphal), aliás dois bons atores em atuações impecáveis.
A imagem do personagem Werner em ‘ver a paisagem passar pela janela do trem é sempre mais bela que a paisagem da via expressa’ dá a sensação de que além da vida ser muito breve e fugaz as escolhas podem ser determinantes mas nunca definitivas.
Assistir ao filme “NUVEM 9” me fez lembrar do poema “Quadrilha” de Carlos Drummond de Andrade, mas no contexto do filme, mesmo que esse amor seja triangular as possibilidades ficam em aberto: Werner que amava Inge que amava Karl e que podem amar outrem se o tempo de vida permitir...
No filme de Andreas o Eros não se importa com as
contingências de Cronos e nem com
os tabus sociais. O amor transcende sim o físico e o apelo da
beleza juvenil, pois quando
termina o vigor o que
fica é o companheirismo, a cumplicidade, o afeto, a humanidade que nada mais são que a própria essência do amor.
Oi Elias, eu queria ver este filme, como faço?
ResponderExcluirEu não sei se tem para baixar na net, mas está em cartaz aqui em Belém no Olympia. Veio numa leva de filmes alemães do Instituto Goethe. Faz uma pesquisa no google pra ver se tem para download: pelo título original "wolke 9". Bjks
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