Há muito que eu não assistia a um documentário tão envolvente como “Rio Sonata”, de Georges Gachot (Suíça/2010, 85 min.), em cartaz por curta temporada no Oi Cine Estação em Belém. Sim , em “curta temporada” é um jargão que pertence aos shows, recitais ou concertos e neste filme cabe perfeitamente a expressão, pois vemos na tela um mosaico delicadamente bem trabalhado dos vários momentos de Nana Caymmi, desde o início de sua carreira até o presente. E sem dúvida, o documentário é um SHOW!
O nome Caymmi já tem uma força musical definitiva , pois é sinônimo de boa musica brasileira no que diz respeito a letra e melodia. A raiz de tudo está em Dorival Caymmi cuja bênção e dom alcançou os filhos Nana, Dori e Danilo - intérpretes máximos das composições do pai e de outros grandes gênios da música brasileira como Tom Jobim, Vinícius de Morais, João Donato, Gilberto Gil, Milton Nascimento entre outros. A família Caymmi documentário mostra a cantora em momentos de descontração e bem à vontade. Sua vida é a música e temos a oportunidade de ver Nana despida da aura de Diva seja no cotidiano de seu lar ou no estúdio de gravação onde mais parece ser sua segunda casa. A vivência de Nana neste ofício chega a emocionar ela própria e a nós mesmos quando relata sua parceria com o irmão Dori. tem tradição na música e na voz e o talento de Nana deu-se por mérito próprio, quase um fenômeno hereditário por assim dizer na tessitura grave da voz e no timbre inconfundível fluindo num misto de suavidade e força que enleva seus ouvintes e fãs. Tudo isso é nítido e percebido através do filme.
As imagens e planos abertos de um Rio de Janeiro encoberto de névoa e chuvoso ou até mesmo ensolarado revelam a relação de Nana com a cidade onde nasceu e dão ao filme a cor e a poesia cantada por ela em canções consagradas como “Saveiros” e “O Bem do Mar”.
O documentário mostra a cantora em momentos de descontração e bem à vontade. Sua vida é a música e temos a oportunidade de ver Nana despida da aura de Diva seja no cotidiano de seu lar ou no estúdio de gravação onde mais parece ser sua segunda casa. A vivência de Nana neste ofício chega a emocionar ela própria e a nós mesmos quando relata sua parceria com o irmão Dori.
Não poderiam faltar os depoimentos de parceiros e amigos de música e profissão, mas o que pareceu um tanto fora do lugar foi a fala da cantora Mart’nália – com um carioquês difícil de entender (quase uma outra língua!) num depoimento mais do que ingênuo. Mas a atmosfera e o tom do filme ofuscam este desafino dentro do conjunto.
O repertório mostrado no filme não contempla tudo que Nana cantou e gravou. Seriam necessários talvez boa parte das 100 horas totais de material bruto das filmagens que Georges Gachot registrou e editou para realização deste trabalho. Foram destacados os sucessos “Resposta ao Tempo”, tema da minissérie “Hilda Furacão” (1997) e “Não se Esqueça de Mim”, em dueto com Erasmo Carlos. Não poderia ficar de fora “Só Louco”, de Dorival Caymmi com Tom Jobim ao piano acompanhando Nana no registro de um encontro antológico. Como ela mesma afirma ser uma cantora que canta “de tudo e acha perigoso os rótulos”, Nana se consolidou numa versatilidade de repertório que raramente encontramos em cantores brasileiros nos dias de hoje. Entretanto, particularmente, senti falta de “Só em teus Braços ”, de Tom Jobim e “Se Queres Saber”, de Peterpan. Ambas as musicas parece que só se completam na interpretação e na voz de Nana.
O filme não deixa de destacar a importante figura de Dorival Caymmi e é quase impossível não se comover no momento que escutamos um trecho de “Acalanto” na voz de Dorival Caymmi e Nana explica a gênese de sua carreira e de como nasceu predestinada a cantar.
Com uma câmera hábil captando imagens seja de pessoas simples , de rostos nas janelas, de transeuntes pelas ruas ou sentados sob as marquises dos prédios do Rio de Janeiro, seja nos lugares mais sofisticados como as casas de shows e teatros temos a sensação de que a música de Nana Caymmi alcança a todos sem qualquer impedimento ou distinção.
“Rio Sonata” não é apenas um documentário bem feito ou uma breve biografia sobre Nana Caymmi, mas também é um emocionante espetáculo.
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